vida, trabalho, presentes, pesquisas realizadas

berlinde


Videoinstalação. CE/Brasil. 40'. 2010.


registro da filmagem
sinopse
Certo cansaço toma o lugar. Ao sabor do vento se serve. Tão posto, oposto ao que se segue; um retorno alento de que se pode começar. O lugar, o corpo, a sede do firmamento. Que chão é esse em construção? Que passo se dá no ato proposto? Chão posto; oposto ao que se pensava. Na corda bamba do desejo emboloada em vidro, uma transparência arredondada a luzir a esfera de si; à espera do fim.

direção e argumento: Thatiane Paiva | câmera: Rodrigo Fernandes e Fred Benevides | ato/ação/coração: Euzébio Zloccowick | produção: Bianca Benedicto e Fabio Marcílio | agradecimentos: Fred Benevides, pela sábia instigada, Paulo José e Themis Memória, pelas bilas (oo). empresa produtora: amizade iLtda! ;)


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convite/divulgação Transcriações
O videoperformanceinstalação Berlinde é resultado de uma oficina de Transcriação, ministrada pelo realizador audiovisual Frederico Benevides, em novembro de 2010, através do Núcleo de Formação em Arte e Cultura, do Centro Dragão do Mar. A oficina “Transcriações: leitura e escuta” discutiu durante três semanas possibilidades de criação de imagens a partir de textos literários. Como resultado final, os alunos apresentaram uma videoinstalação, no Alpendre – Casa de Arte, na qual alguns trabalhos foram expostos; dentre eles o que aqui apresentamos.

Berlinde compôs essa instalação junto a 05 outros vídeos desenvolvidos durante a oficina, e foi um dos vídeos que dialogou com o "Espaço I - A escultura no plano escavado / o lugar como subtração", que na época era um dos ambientes da exposição Associações Disjuntivas/experiência Alpendre, realizada pelo artista visual Eduardo Frota.

A Transcriação no Vídeo Berlinde

Ao trabalhar com este conceito, sugerido por Haroldo de Campos, este vídeo acabou surgindo como desdobramento de sentidos que se evidenciaram na relação entre o texto-motivação de origem e a experiência visual/corporal do instante de produção em que ocorreu.

detalhe da imagem sobreposta
à escultura de Eduardo Frota
foto: Narayana Teles
A ação nele realizada metaforiza o próprio processo inventivo do qual o originou, levando-nos a dialogar com o lugar da arte, que não se encontra fixo, estanque, mas em constante movimento e em profundo desequilíbrio. Uma ação poética que extravasa o sentimento mesmo de consciência dos processos de nascimento, de vida e profusão, aos quais se encontram e confrontam a/na arte.

A Ação poética Berlinde

O homem tenta se equilibrar, preencher com bolas de vidro (bolas de gude, berlindes) o campo que habita. Já não se pode mais pisar firme, em chão plano. Seu chão é instável, incerto, seus passos já não são mais certeiros. Levantar não é a saída; ficar em pé ameaça a gravidade do corpo.

Numa tentativa de encontrar a segurança da estabilidade, seu corpo é levado a experimentar uma variação de caminhos e movimentos em chão movente, deixando reverberar, assim, descaminhos, descompassos, desacordos, incertezas metamorfoseadas em gesto/ação.

No próprio título, na palavra que por ventura surgiu em novidade, encontramos uma possibilidade de ampliar o deslocamento de sentido aqui proposto. Descobrimos na palavra “berlinde”, sinônimo/variação linguística regional de “bola de gude”, uma transmutação de vogal para a palavra “berlinda”, e com ela uma relação com o sentimento de um tradicional jogo infantil no qual todos fazem uma roda e uma pessoa é escolhida para ser o centro das atenções enquanto todos opinam sobre ela (escrevem suas opiniões em um papel, sem assinatura, e colocam-no em uma urna, de modo que a pessoa fica, assim, sabendo o que pensam sobre ela). “Berlinda”, portanto, é estar em foco, ser o foco das atenções, de uma forma negativa, já que todos prestam atenção em alguém que se torna foco/alvo de críticas.

A ação de preenchimento de um campo com bolas de vidro extravasa a angústia de pisar sobre e se deparar com o próprio reflexo, movente.

DescriAção do vídeo

Um homem nu, inicialmente agachado, preenche com bolas de gude um espaço no solo de tamanho aproximadamente 0,80cm x 0,70cm. Após o preenchimento de todo o espaço o homem tenta se levantar e se equilibrar no novo chão por ele construído.

DescriAção da videoinstalação

O espaço a ser exibida a imagem é uma quina/um canto de parede, onde a projeção feita de cima para baixo em diagonal reflete o videoação aqui descrito. Logo abaixo da projeção, extendendo o piso do vídeo, no qual o ‘atuante’ preenche com as bolinhas de gude, outras bolas de gude são colocadas preenchendo e compondo a superfície real da videoinstalação.

O presídio de Fortaleza foi escolhido como um local que intensifica as perspectivas de imagem que provocam a ação descrita em vídeo, pois metaforiza a ação como lugar real habitado.




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