vida, trabalho, presentes, pesquisas realizadas

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

conectados, sem nexos, mas sempre sãos...

descem e sobem ladeiras, passam tempos às escondidas, renascem a cada primavera do encontro...

conectados pelo prazer e desejo da juventude, loucos que são(s), revelam curas de mal passado passo e em leves pedaços são levados pela mão. riem, brincam e velam o anseio de serem sós. e só!

de olhos vendados, versam o embaraço e descortinam a felicidade (e como diz uma dança-amiga, no desespero pra felicidade, ela sabe, nada é pra sempre!). num voo pleno e pouco plano rememoram afetos, diminuem os limites da distância, transportam-se para um tempo que não tem data marcada nem horário de partida ou chegada.

a única certeza é não ter certeza ne-nhu-ma!
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ao beijar a noite, a mulher - já menina - fecha os olhos, ouve a risada dele e a sua própria, deita a cabeça em seu ombro, sente o quente abraço de outrora e o sabor salgado do mar em sua boca...

e sim, eles estiveram juntos por mais um momento e foram banhados pela poesia do mar em seus olhos, ao sabor da brisa dos novos tempos.
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(re)encontrar-se com o outro é sentir-se plenamente vivo!
...o tempo per-ma-nen-te-men-te corre!
amem... amém!

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"Tempo a gente tem
Quanto a gente dá
Corre o que correr
Custa o que custar
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Tempo a gente dá
Quanto a gente tem
Custa o que correr
Corre o que custar
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O rio fica lá
A água é que correu
Chega na maré
Ele vira mar (...)"

(Evaporar - Rodrigo Amarante)

domingo, 1 de fevereiro de 2009

e a chuva, quando falta muito, pede-se!

acorda molhada de som de fina chuva. escorre o dia em vermelho-vinho, embriaga-se na uva-amor, rememora a manhã de um novo amor...
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com o oceano entre as pernas, transborda o apetite-desejo, deseja manhas manhãs, mãos em eclipse, gosto de fardo azedume, tênue agridoce, afável melaço...
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quisera quietar o coração, acalmar os brios da manhã, as inefáveis horas do dia, a embriaguez da alma...
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para, enfim, deleitar-se no véu da fina brisa que, leve, escorre e congela o seu umbigo...


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"Se eu pudesse trincar a terra toda
E sentir-lhe um paladar,
Seria mais feliz um momento ...
Mas eu nem sempre quero ser feliz.
É preciso ser de vez em quando infeliz
Para se poder ser natural...
Nem tudo é dias de sol,
E a chuva, quando falta muito, pede-se.
Por isso tomo a infelicidade com a felicidade
Naturalmente, como quem não estranha
Que haja montanhas e planícies
E que haja rochedos e ervas...

O que é preciso é ser-se natural e calmo
Na felicidade ou na infelicidade,
Sentir como quem olha,
Pensar como quem anda,
E quando se vai morrer, lembrar-se de que o dia morre,
E que o poente é belo e é bela a noite que fica...
Assim é e assim seja."

(Alberto Caeiro - heterônimo de Fernando Pessoa)