vida, trabalho, presentes, pesquisas realizadas

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

(in)tensos dias

depois de 7 dias (in)tensos ela desaprende a dormir no horário normal...

o verbo = desapego

desapegar-se do que se sente é ser pleno a todo instante... e não temer a dor. é viver o ins-tan-te. e cada milésimo de segundo... como se fosse o último...

"assim é e assim seja..."
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Quatro da manhã
Dor no apogeu
A lua já se escondeu
Vestindo o céu de puro breu
E eu mal vejo a minha mão
A rabiscar, esboço de canção

Poesia vã
Pobre verso meu
Que brota quando feneceu
A mesma flor que concebeu
Perdido na alucinação
Do amor acreditando na ilusão

Canto pra esquecer a dor da vida
Sei que o destino do amor
É sempre a despedida
A tristeza é o grão
Saudade é o chão onde eu planto
Do ventre da solidão
É que nasce o meu canto

(Composição: Teresa Cristina / Pedro Amorim)

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

intervalo - o começo de tudo, no meio

e num intervalo de uma noite de lua cheia, momentos de música e felicidade...
o primeiro carinho, o roçar das mãos nas costas, a súbita sensação de leveza e calma interior. o desejo e o receio de transitar em território estranho. a fuga de si próprio, da atenção dos outros...

um dia disseram: - é preciso evitar o carinho!! tsc, tsc... carinho proibido... e toda a gente se acostumou. mas os sentidos e as sensações falam mais alto que a razão. deseja-se repetir a dose das mãos nas costas, o cafuné na cabeça... aí já era!

...

Dança-encontro; música da alma
(quinta-feira, 21 de junho de 2007)

E uma música tocou durante a dança das mãos
E uma música tocou durante o encontro dos braços...
dos dedos que se queriam perto quando 'deveriam' estar distantes
que se queriam quentes quando 'deveriam' estar frios...

E uma música tocou durante a dança das mãos
das mãos que encontravam os rostos, que sentiam a pele
que se queriam quentes.

E uma música tocou durante a dança das mãos
das mãos que encontravam o peito e o pulsar dos corações
dos corações que já se sentiam quentes e se queriam perto...

E uma música tocou durante a dança das mãos
das mãos que encontravam os lábios
que se queriam próximos
do próximo que já era perto, e diminuía a distância entre os lábios...

E uma música tocou durante a dança/encontro dos lábios
dos lábios que de tão próximos não mais enxergavam nada...
só seguiam dançando, ao som da música da alma.

...

Mas ela foi me levando pela mão
Íamos todos os dois, assim, ao léo
Ríamos, chorávamos sem razão

Hoje, lembrando-me dela
Me vendo nos olhos dela
Sei que o que tinha de ser se deu...

(Porque Era Ela, Porque Era Eu - Chico Buarque)

a paixão agitou as samambaias de janeiro a quilômetros de alegria

acorda com o coração na boca... a boca em brasa.
segue.

descobre a lua... cheia. sobressalta o corpo, que grita. revela, vela. nada mais pertence a ela. é puro sabor da vida, da paixão. é terra molhada. virgem de setembro a janeiro. vapor barato. ondas de lágrimas indo e vindo. retorno insano... desejo permanente. encontro constante.
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desnuda de pudor, já minguada pela lua que rege certa timidez, massageia o peito e lembra: - ainda é lua cheia no meu coração...

...

e "a paixão agitou as samambaias de janeiro a quilômetros de alegria"

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

"a vida de cada pessoa é i-na-cre-di-tá-vel..."

.parecia uma quinta-feira qualquer de janeiro. ela vestiu seu vestido mais despojado, que comprara na última viagem de férias, calçou os sapatinhos de boneca e saiu. foi movida pelo ímpeto de desviar o caminho. não era muito decidida quando se tratava de desviar caminhos, mas naquele dia ela sabia que preferia faltar aula e ir para o teatro assistir, pela quinquagésima vez, ao espetáculo de um grande amigo... (de quebra ainda encontraria outros dois grandes amigos - boa oportunidade para festejarem, juntos, o ano que se iniciava, já que tomaram rumos diferentes no último reveillon).

.durante o espetáculo, algumas mudanças. só não se sabia se eram por causa das transformações que sofrera a peça desde a última vez que vira ou se se tratava das transformações que aquelas cenas começavam a fazer no seu coração. aos poucos, ela - que era avessa a segurar lágrimas - foi remoída de tal maneira por dentro que começou a chorar copiosamente. seu coração acelerou, sentiu um aperto no peito, um filme da sua vida passou ali, naquele momento. toda a poesia dita e dançada naquele palco tomou seu corpo inteiro. foi banhada pela chuva torrencial da poesia.

.sentiu-se humana, sensível, leve, feliz, infeliz... LIVRE... e sentiu-se profundamente equivocada, como costumava se sentir quando as lágrimas equilibravam a miopia e faziam com que enxergasse sua vida - torrente de lucidez que descarrega quando se é tomado pelas artes.

.após o espetáculo, os 4 amigos resolvem sair juntos para comemorar o início das novas temporadas - a do espetáculo e a do ano que se iniciava. ela sabia que estar com eles naquele momento também era motivo para estar mais sensível. era tudo pele e flor, à flor... da pele...

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.desce uma cerveja pra esfriar a fina dor no peito e, de súbito, dá de cara com o desejo! louca pra esfumaçar a vida, é sobressaltada pela lembrança de um antigo romance. desses que acontecem uma única vez, mas que ficam na pele por toda a eternidade. "ligar ou não ligar? - eis a questão". bufo! ligou! e ele atendeu. conversam. ele diz que vai para o bar que ela está, mas ela não acredita: "ah, gente, acho q ele não vem, não!". mas nem por isso deixa de retocar o batom e comprar chicletes. minutos depois lá estavam os dois sentados à mesa. ela, desconcertada e fe-liz! já sabia onde daria aquele reencontro e, por mais que parecesse proibido, a sensação de liberdade massageava a alma desde a chuva de poesia do espetáculo do amigo.

.mãos nas pernas por baixo da mesa. carinho nos braços às escondidas. uma vertigem tomava o seu corpo relembrando de tudo que vivera. agradeceu por estar viva, ali, naquele momento. sorria. o coração quente, saindo pela boca. a boca em chamas. fumaça, olhares... o beijo! o mesmo de antes. na medida perfeita. o entendimento harmonioso das bocas. a imagem da dança de novo. da dança que nascia do toque dele, on-de-quer-que-fos-se.

.e se dando conta de que não estava se sentindo tão livre assim, despediu-se... tinha de dormir com aquele desejo. era preciso. como se guardasse antigos bilhetes de amor na caixa de sapatos, decidiu dormir. tirou o sapato de bonecas, o vestido despojado, despiu-se para o sono... e sorriu... lembrando: - "a vida de cada pessoa é i-na-cre-di-tá-vel".