vida, trabalho, presentes, pesquisas realizadas

domingo, 29 de março de 2009

Iansã, ninar de Xangô

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Sou tomada por fúria de ninar
Se este rei aparece
Sem razão, entorpecida
Ventando energia, varando os poros
Cambaleando no tempo, sem tempo, em tempo de amar!

Nina Iansã, Xangô!
Nina com teu espírito de glória
Embalado ao batuque, sem truque
Faça poesia em movimento-corpo-canção
E cante a mais bela voz leve sonhada
Pra que Iansã, em tempestade, chova verdade

Nina, Xangô... pra nunca mais ela acordar
No encontro das almas pele é consequência
Fuga de hoje é aproximação do sabor do amanhã
Deixa, então, guardado o fogo de seus olhos em festa
Deixa dormindo a luz de iluminar manhã
Pois à noite, em brasa, Iansã deságua em cachoeira

Xangô, nina Iansã guerreira
Que Santa Bárbara protege
No céu ou na mata, deixe Oyá virgem senhora
Lembre-se: nem fogo, nem raio desviam o caminho de outrora
Deixe a fiel Rainha gotando o grande rio em lágrimas de amor

Eparrei, Iansã!
Saravá, Xangô!

sexta-feira, 27 de março de 2009

Frestinhas de descuido

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Pirilampo requintado
Conversas de emaranhar
De um lado guardo o trago
Pra bem na frente poder soltar

Sou menina bem afoita
Quando dou de encontrar desvio
Só pra sentir cada passo, em cada gole desalinho

Se de perto em breve leve
Pra bem longe temer distar
Olho calma, amplio alma
Dou um beijo e viro mar

Me alevanto bem tranquila
Tomo o rosto do bom moço
Me enovelo, levo martelo
E n’outro dia sou só o caroço

Mas em pé de desatino é que se sente coração
E em frestinhas de descuido abro janelas na emoção

quinta-feira, 19 de março de 2009

Acaso dá certo...

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às 18h17

Verso cordas-bambas
(ou Na bamba corda do verbo)
(Letra: TP)

Me identifico palavreando cordas-bambas
E, em versos, bobeio sons em branco...
Chateio as letras, que se enlouquecidas e vagas são só pra olhos que não têm encanto

Elas se estapeiam e rebuliçam a alma
Esganam versos organizados na balbúrdia do coração
Dão pontapé no peito de quem quer
Depois... massageando

Tem quem acorde pra tomar café
E os que não dormem pra rimar... pois é
Mas, se é de escolher, prefiro atestar o pranto

Chorar não é tristeza, amigo
Água congela a zero grau e (r)ebuliça a cem centígrados
Sou quente e forte em tempo maior

REFRÃO
Bambas palavras me acordam
Pra dizer bobas poesias
Nos verbos brancos escrevo melodias

Bambas palavras despertam
Versos em corda, energia
Em sons em branco tropeço meus dias

domingo, 15 de março de 2009

Pra brecu leR

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Iguaria de passagem
(Letra: TP)
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Desemboco no difuso raso (prato)
Fatigo corpo, est(r)ada molhada
Resseco boca, fumaça parda
Escureço, tormento brando dorme
Revigoro alma ao desembuchar confusa

Quero, espero, guardo, embrulho, embriago
Temo tempero, tremo, moro, la(r)go
Mais trigo limpo, jogo-me vencida
Mãos-luva em forno queimando em eclipse

Boca suaveneno vício
Corro, entorno pele escur(á) da face
Provoco lado beijo doce em festa
Macio, (almoço) amasso ao maço, dez em laço

REFRÃO
Estrada, calha, (flor)ipadu
Mingau de angu ferveu
Aguçou céu de anzol a(n)zul
Abusou silêncio eterno meu

Embocadura, queda, quieta
Esguio corpo, malfadada fome
Vejo de açoite (açougue) a noite, manto dorme
Escorregar sorriso, lábio em carne fere

Periga trança, nó de leve em breve
Mastiga neve em carne feliz cozida
De certo a sorte grita (frita) em coro corroída
Feliz é ter à mesa um sequer dia, enleve (!)

Pra amansar panela de pressão
Fustigar desejo, véu em sal canção
Prendo (ignoro... nariz) respiração
Banho mareio a ventur(á) nas mãos

REFRÃO
Estrada, calha, (flor)ipadu
Mingau de angu ferveu
Aguçou céu de anzol a(n)zul
Abusou silêncio eterno meu

Pra dizer de tempo há dias, dois, há dez, há sóis
Lembrar feliz idade arde, enlarguece o passo
Dia inteiro, minuto, sol, passagem... é iguaria

terça-feira, 10 de março de 2009

D'Eles


Embargo
(Letra: TP; Música: Joyce Custódio)

Rasga, embriaga e aflora
A fina-flor esbraveja
Pinga, respinga e não molha
Deixa sangrar

Do lá-de-lá poesia e amor
De cá, tristeza, rasteira e dor
Em música arranha versos D’Ela
Deixa suar o lençol, cheiro dela

Pra suportar o lamento
Só fuga no pensamento de tempestade-amor
Se risca o chão de amores
Só brinca de ser cupido a fina-flor

Ela já nada entende
Tenta já tanto tempo faz

Ele se perde de vista, fugiente
Acha que desvia o tormento
Ancora o carpo corpo
A cada fúria do abismo
Beira alargar carpimento

Amor sem mão-dupla se esvai
Gasta a flor de tão fina
Sem nada, ela, sozinha, sentindo
Pensando que fosse junto lá fora
Gastando a fina-flor da aurora
Catando o que não mais cabe

Amor de chuva turva e esgota, embargado em São Saruê



a gente se deixa invadir pelo outro quando (bem) quer

segunda-feira, 2 de março de 2009